TEXTO DA SEMANA

Dois monges caminhando, se depararam com um rio, e uma mulher idosa tentando atravessá-lo.
Um dos monges carregou a idosa no colo até a outra margem, causando profundo desgosto no outro, que ficou remoendo a situação durante vários dias.
Depois de dias caminhando, o monge magoado com a situação, não aguentou mais e falou:
- Por que voce carregou a mulher? Voce estava errado, não deveria ter feito, não sabe que nossa religião proíbe que toquemos nas mulheres?
O outro monge disse:
- Eu carreguei aquela mulher durante um só momento, voce a está carregando até agora.

É desse jeito que um sentimento chamado MÁGOA funciona conosco. O peso fica conosco, não com quem nos magoa.
Quem magoa esquece, e no minuto seguinte nem lembra o que houve, o que falou, o que escreveu.
Nesses tempos de internet, sob a fachada do "estar longe", e da "sinceridade", de o quanto são sinceras, verdadeiras e que "falam na cara, mesmo", muitos desentendimentos acontecem.

No entanto, toda essa atitude anti-hipocrisia não passa de um comportamento grosseiro, agressivo e abusivo. Muitas pessoas que se dizem o supra sumo da autenticidade, na prática, acabam magoando os outros sem necessidade, com comentários que parecem motivadores ou críticas construtivas, mas não passam de ofensas.
Vários comentários, considerados sinceros, são desnecessários. Magoam sem necessidade e sem razão.

Eu, de minha parte, estou preferindo fazer como uma certa religiosa escreveu:

"Mentalmente cavei um túmulo. Tirei a terra até fazer uma cova profunda.
Depositei ali dentro a mágoa que me feria. Depressa joguei a terra por cima.
Sobre a terra coloquei grama, e sobre esta, rosas e miosótis. Depois fui-me embora.
Suave me veio o sono depois disso. A ferida quase mortal foi sarada sem uma cicatriz, e hoje não sei o que me causou a dor."

Sem mágoas.

VIA FACEBOOK, ANA QUEVEDO